CONJUNTURA
Os preços na OCDE subiram 8,8% em março, o maior salto homólogo desde outubro de 1988, em grande parte por causa da energia (+33%). Na Turquia, aumentam 61%. Na Argentina 55%. A China tem a inflação mais controlada.
A inflação na OCDE deu em março o maior salto desde outubro de 1988. A subida de 8,8% dos preços, em termos homólogos, compara com 7,8% em fevereiro e apenas 2,4% há um ano.
"Foi o maior aumento desde outubro de 1998. Cerca de um quinto dos países da OCDE registaram inflação a dois dígitos, com a Turquia a registar a maior taxa de 61,1%", lê-se no destaque divulgado pela organização sediada em Paris.
Em causa estão os preços da energia, que dispararam para 33,7% em
termos homólogos, contra os 26,6% em fevereiro, a taxa mais alta
desde maio de 1980, ou seja, em 41 anos.
Nos países do G7, na zona euro e na União Europeia está entre 7% e 8% (7,4% na moeda única).
Na análise ao G20, a Argentina (55%) e o Brasil (11,3%) também registam dos maiores aumentos homólogos em março.
Com preços mais controlados, bem abaixo da média, surgem a China (1,5%) e a Arábia Saudita (2%), também em comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Em Portugal a inflação terá acelerado para 7,2% em abril, segundo a estimativa provisória do INE. Trata-se do valor mais elevado em 29 anos, ou seja, desde março de 1993
No entanto o Banco de Portugal destaca que, “na área do euro, a taxa de juro média dos novos depósitos de empresas permanece negativa desde Agosto de 2019”.
Em Portugal, notam-se sinais de retoma do investimento:
Os novos empréstimos concedidos às empresas, em março, cresceram de forma exponencial. O montante total ascendeu a 2276 milhões de euros, o que representa um crescimento de 70%, ou 933 milhões, face a fevereiro.
Por outro lado, o sector bancário concedeu 2451 milhões de euros de novos empréstimos aos particulares, mais cerca de 500 milhões de euros que em fevereiro.
Fontes: BdP, Jornal de Negócios, Publico
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
i. Gestão Corrente
ii. Conquistas
No último mês de abril deu-se início ao projecto Castelo 84 e foi lançado e subscrito um novo projecto: Miguel Bombarda 6
iii. Melhorias e Evoluções
TODOS
CONTAM
"CONFIANÇA"
Há muitos - talvez demasiados -
anos, assistia a uma conferência em que se afirmava que, no futuro,
encararíamos a nossa relação com as instituições bancárias na mesma
medida em que olhávamos, à altura, para os postos de abastecimento
de combustível.
Se um dia precisámos do simpático senhor -ou senhora- que nos abastecia o automóvel, actualmente, convivemos, muitas vezes, sem essa possibilidade e assumimos nós essa tarefa.
Do mesmo modo, também os clientes das instituições financeiras passariam a gerir a sua relação com essas instituições de forma autónoma, através de todos os meios eletrónicos e digitais que foram sendo colocados ao dispor. Este raciocínio seria válido, mas de certeza que para operações mais transacionais.
E o que reflectir sobre o principal activo que as instituições financeiras dispunham e vendiam aos seus clientes: a confiança?
Curiosamente, este valor sofre um impacto significativo e quase se extingue na crise de 2008 e consequentes réplicas. Durante este período de crise, muitos foram os aforradores que concluíram que aquilo que pensavam ser investimentos seguros, sólidos, inquestionáveis e inabaláveis, não passavam apenas, e de facto, de frágeis castelos de cartas sustentados por débeis e complexas ligações sistémicas. Assistimos a relações binárias de produtos inexplicáveis por quem os vendia e incompreensíveis para quem os subscrevia, com activos subjacentes sem valor, ou até mesmo inexistentes.
Acredito que esta sequência de eventos, aliada ao desenvolvimento tecnológico que, entretanto, ocorreu, facilitou o percurso para a descentralização e digitalização a que se assiste no sector financeiro, e principalmente, no que (e quem) virão a ser os principais players.
Terá sido coincidência que o white paper da Bitcoin tenha sido publicado em Outubro de 2008?
A criação do elusivo Satoshi Nakamoto teria o acolhimento e a mesma adopção se o ambiente que se vivia, à época, tivesse sido diferente?
Hoje, para além das instituições, reconhecemos, valorizamos e até chegamos a enaltecer os seus fundadores. Os disruptores. Ambicionamos, tal como eles, em ser pioneiros, seguindo-os, fazendo parte de algo diferente e inovador, da transformação, da mudança, e de certo modo, do movimento da revolta contra as instituições.
A confiança ancora-se hoje, em boa parte, nestes novos actores, que em alguns casos terão o seu lugar na história, tal como tiveram os grandes descobridores ou os grandes inventores dos séculos passados.
Estas personagens assumem o papel principal de Investidores Activistas, querem levar mais longe o seu impacto, muito para além do balanço das suas empresas. E nós queremos segui-los, partilhando do seu conhecimento, perfilhando as suas ideias. E revela-se hoje cada vez mais fácil fazê-lo. Encontram-se à distância de um ecrã de telemóvel, de um post, ou um tweet publicado, relegando para segundo plano a tradição de envio de uma carta anual aos accionistas.
Claro que toda esta ebulição facilitou também o caminho a uma utilização indevida de algumas das ferramentas que hoje estão disponíveis a maus actores neste espaço. Meme stocks, shitcoins, pump & dump schemes e rug pulls são algumas das palavras que, num ápice, entraram no léxico de um universo de “investidores” de retalho.
E isso leva-me a uma segunda dimensão da confiança. O que é o activo subjacente do meu investimento e que distância existe entre mim e esse activo?
Muito brevemente, será vulgar a tokenização de uma diversidade de activos. Será possível deter uma parte de qualquer activo real, tangível. A arquitectura dessa tokenização ditará essa proximidade, e assim a confiança de os deter de facto.
Passaremos de um modelo em que investimos em blind pools de activos para o investimento selectivo nos activos que queremos de facto deter. Seja esse investimento um jogador de futebol, uma criação artística, ou um activo imobiliário, será sempre o que eu escolhi. Em concreto. Tangível. E o investidor ditará essa escolha, e passa desse modo a ser responsável por decidir para onde o dinheiro flui.
Mentores e fundadores capazes de apresentar, selecionar ou desenvolver bons projectos, aliados à tangibilidade, identidade e proximidade dos activos subjacentes serão os pilares onde a tecnologia terá de assentar para que este modelo seja bem sucedido.
Afinal, poderemos sempre escolher a bomba onde atestamos a nossa viatura, sem que o simpático senhor (ou senhora) nos espere. Não será é sempre da mesma marca e talvez iremos preferir a lavagem automóvel de outra.
Estará mais perto do que pensamos…
Ricardo
Quaresma
AGENDA DO
MÊS
May 2022