CONJUNTURA
"BEM-VINDO A 2024"
Um ano novo vem sempre carregado de esperança. Por mais pessimista que possa parecer a conjuntura, a esperança é realmente a última coisa a morrer. O início de 2023 era marcado por receios de eventuais crescimentos negativos, com salpicos de eventuais recessões. A guerra da Ucrânia estava fresca e tinha um forte efeito no preço das matérias-primas e da energia. Mas mais um ano passou e o ser humano tem uma capacidade de adaptação tremenda ao que o rodeia. Por fim, não satisfeitos com um conflito; surgiu outro entre Israel e o Hamas.
O ano de 2023 acabou por ser melhor do que o esperado, Portugal cresceu 2,2% quando a expetativa era a rondar 1% e com a economia europeia a perspetivar -0,1% e a crescer 0,5%.
O fato do preço da energia não ter escaldo foi, seguramente, um fator que permitiu estes resultados. A rapidez com que se encontraram alternativas ao gás russo, depósitos cheios e um inverno menos rigoroso que o esperado permitiu também aliviar mais rapidamente a inflação evitando uma maior perca de poder compra por parte das famílias. Portugal conseguiu crescer à conta do turismo, mas as exportações de produtos e serviços surpreenderam pela positiva.
No que concerne ao mercado imobiliário residencial, o ano de 2023 foi um ano de ajustes. Ainda sem dados finais é provável que no ano passado se tenham vendido menos casas que em 2021. Comparando com 2022 significará um recuo de cerca de 20%, até ao 3º trimestre de 2023 tinham sido transacionadas 102 373 casas contra 129 347 em igual período em 2022. O ano de 2022 foi o melhor ano de sempre (registado), o preço dos imóveis em alta não terá sido um problema e foram os portugueses quem mais imoveis comprou com os estrangeiros a aumentarem a sua quota de mercado.
O 1º trimestre de 2023 mostrou o impacto da subida da inflação na perca de poder de compra, esta tendência foi-se mantendo com a diminuição dos números de vendas a ser mais notória em Lisboa e no Algarve. O comprador foi-se adaptando procurando imóveis mais baratos e de menor dimensão muito em função da subida das taxas de juro e a ter de se deslocar para a periferia. Esperar para ver no primeiro trimestre.
O surgimento do pacote legislativo “+ Habitação” terminou com os incentivos existentes ao investimento estrangeiro. O programa Visto Gold no que concerne ao imobiliário termina, no entanto para os maiores compradores estrangeiros atuais, nomeadamente americanos, o Visto Gold não é um fator de peso na sua tomada de decisão. O RNH (regime de residentes não habituais) irá terminar este ano, no entanto irá existir um período de transição, tendo sido alterado de forma a que o incentivo fiscal apenas é válido para a investigação científica e inovação.
O ano de 2024 vai ser desafiante, mas é precisamente com os desafios que surgem as oportunidades e 2024 vai seguramente ser um ano de oportunidades.
Fontes: INE, BdP, BPI research, Eurostat, yahoo finance, BCE.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
i. Gestão Corrente
ii. Conquistas
Foram concluídos os projectos: RAMADA 3 e COSTA CALIDA 14
Houve devolução de rendimento do projeto: RAMADA 3
Foi devolvido o capital investido do projeto: COSTA CALIDA 14
Parcialmente devolvido o capital investido do projeto: VFX 47
Foi ainda encerrado o projecto: RAMADA 3
RAMADA
3
Capital 163.600€ | 21 Membros
iii. Melhorias e Evoluções
TODOS
CONTAM
"CRÉDITO E DESCRÉDITO"
As metáteses de decepção
difundidas pela comunicação social, devido a escândalos e supostos
abusos de poder, minam todo o caminho de confiança nos pilares
essenciais da democracia. Quando a sociedade percebe falhas ou
dúvidas nas instituições Presidência, Assembleia da República -
Governo e Tribunais, a descrença em quem detém o poder - e sustém o
regime - aumenta. Tal conduz a uma evolução social em que as pessoas
se afastam do sistema estabelecido, buscando alternativas ou formas
de participação/activismo mais diretas. Esta perda de confiança
resulta num distanciamento entre governantes e governados,
desafiando a estabilidade democrática e evidenciando a necessidade
de mais transparência e responsabilidade no endosso à liderança
política e judicial.
Este vácuo de confiança abre amplo espaço para movimentos radicais. Ao mesmo tempo que as instituições democráticas perdem credibilidade surgem oportunidades para os discursos inflamados de grupos sem programa ou ideias claras, movimentos que exploram a insatisfação popular, canalizando-a para propostas que carecem de substância e realidade. A influência desses movimentos pode moldar um novo modelo político-social mais baseado na rejeição do sistema existente do que em propostas construtivas, apresentando soluções simplistas para problemas complexos. Eis a importância da transparência e da responsabilidade em fortalecer as bases da democracia: evitar o surgimento de alternativas extremistas pantanosas.
Num caos democrático, a economia enfrenta muitas vezes desafios significativos devido à falta de confiança nas instituições. A incerteza do rumo político leva à diminuição dos investimentos e da dinâmica da actividade económica; empresas e investidores ficam relutantes em tomar decisões no meio da instabilidade. As políticas económicas consistentes ficam comprometidas, levando a medidas ‘ad hoc’ que podem não ser favoráveis ao crescimento sustentável. Portugal não tem um grande desígnio nacional em mãos, não é o mar nem as matérias-primas ou comércio, não são os eventos mundiais, não são as energias renováveis. Tornámo-nos recolectores num terreno estéril.
A instabilidade política afeta também a confiança dos consumidores, levando-os a uma redução no consumo e no comércio. A fuga de capitais e a depreciação da moeda são cenários típicos de um cenário de incerteza pessimista. Como dizia um estreante Fukuyama, hoje odiado pela esquerda, os índices de desenvolvimento de um país estão directamente indexados aos níveis de Confiança de um país. Mas gerar Confiança é como plantar um sobreiro e querer logo cortiça.
Francisco Segurado Silva, Consultor Marketing
AGENDA DO
MÊS
Janeiro 2024