09 Maio
2025
> Conjuntura
> Gestão Corrente
> Conquistas
> Melhorias e Evoluções
> Todos Contam por Nuno Santos
> Agenda do Mês

 


 

CONJUNTURA
ENTRE A RETOMA E O DESENCANTO

O ano de 2025 começou com a expectativa de ser um período de estabilização. Portugal apresentava sinais encorajadores de crescimento económico, as taxas de juro desciam (e continuaram a descer) e previa-se uma retoma moderada após os choques dos últimos anos. Contudo, bastaram poucas semanas para que a nova administração norte-americana mudasse radicalmente o cenário.

O anúncio de aumentos significativos das tarifas aduaneiras por parte dos EUA, com impacto superior a 20 pontos percentuais nas tarifas efetivas, fez regressar o fantasma de uma guerra comercial. A medida foi parcialmente suspensa por 90 dias (com exceção da China), o mal-estar está instalado. As reações dos mercados foram imediatas: quedas acentuadas nas bolsas, aumento da volatilidade e alargamento dos spreads de crédito. A incerteza voltou em força, num momento em que o mundo precisava exatamente do contrário.

As motivações por detrás destas medidas são questionáveis. A imposição de tarifas não resolverá o défice externo dos EUA, enraizado num desajuste estrutural entre poupança e investimento. Nem irá trazer de volta empregos em setores onde os EUA já perderam competitividade faz tempo. Trata-se de um jogo onde todos perdem. E, ao contrário do que se esperaria da maior economia mundial, esta decisão parece ser mais um tiro no pé do que uma jogada estratégica.

As consequências para a economia global podem ser severas. Um cenário de escalada de tarifas prejudica o comércio internacional, compromete o investimento e pressiona a inflação. A resposta dos bancos centrais (Fed e BCE) demonstram prudência. Ambos admitem limitações na sua capacidade de orientação num contexto dominado pela incerteza política. Tanto nos EUA como na Europa, existe o receio de um abrandamento económico acompanhado por inflação elevada, um risco real de estagflação.

O dólar também sofreu. Desde o anúncio das tarifas, desvalorizou face às principais moedas, impulsionado pela queda das taxas reais de curto prazo. Ao mesmo tempo, o ouro reforçou o seu papel de ativo refúgio, valorizando 8% no mês. As matérias-primas mais sensíveis ao ciclo económico (petróleo, gás natural e metais industriais), registaram quedas significativas. As bolsas globais, sobretudo nos mercados desenvolvidos, registaram perdas generalizadas.

Em Portugal, a conjuntura de partida é favorável. A economia cresceu 1,9% em 2024 e beneficia de um forte carry-over para 2025. A exposição direta aos EUA é relativamente baixa (menos de 4% do PIB) e os setores mais vulneráveis já estão identificados. Além disso, o país apresenta hoje fundamentos macroeconómicos bem mais sólidos do que em crises anteriores: dívida das famílias e empresas em queda, dívida externa e pública controladas, e uma recuperação sustentada do emprego.

A globalização, tal como a conhecemos, está a dar lugar a uma nova ordem. O que funcionou nas últimas décadas (o modelo exportador alemão) poderá não ser suficiente neste novo contexto. A capacidade de adaptação determinará quem ficará do lado dos vencedores. Estamos perante um novo ponto de equilíbrio global em construção, e Portugal tem de saber posicionar-se.


Fontes: INE, BdP, BPI research, Eurostat, yahoo finance, BCE, turismo de Portugal

 


 

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

i. Gestão Corrente

PROJETOS ACONTECIMENTOS
S. VICENTE 1

Em abril o rendimento bruto traduziu-se numa faturação de 5 373,30€, o que corresponde a um decréscimo de 0,63% quando comparado com o mesmo período em 2024. A taxa de ocupação desceu de 89,81% em 2024 para 78,10% em 2025, uma taxa de variação homóloga de -13,04%.

QUINTA DA AMIZADE

A entidade interessada recuou na sua intenção de aquisição nos moldes previamente propostos. Não descartando este potencial comprador, estamos em negociações com outras duas entidades (estrangeiras).

ALMADA HISTÓRICA

No seguimento da reunião com a CM Almada, iremos submeter um PIP.

SETÚBAL_ARRÁBIDA

O Parque Natural da Serra da Arrábida continua sem responder ao pedido efetuado. Sem prejuízo do processo de alteração de uso, submetido junto da CM Setúbal, o imóvel está a ser comercializado nas condições atuais e no estado em que se encontra.

PORTAS DO MONTIJO

Após negociações, foi assinado um CPCV. O valor do sinal será devolvido aos membros subscritores. Devendo a escritura de venda ser realizada no prazo de 40 dias (em junho). Sem prejuízo da rentabilidade inicialmente projetada.

COMBATENTES 54

Já foram entregues os elementos solicitadas por parte da CM Setúbal e da qual aguardamos resposta. Existem interessados em adquirir o projeto mesmo sem a sua aprovação final, mas só negociaremos após resposta da CM Setúbal aos elementos submetidos.

VFX 47

Temos uma nova calendarização para a conclusão do projeto. Durante o mês de maio será realizado um reforço de sinal e a conclusão do projeto em junho. Sem prejuízo da rentabilidade inicialmente projetada.

VINHA DA ENCARNAÇÃO II

Por motivos de força maior não foi possível realizar o CPCV na data previamente estabelecida. Foi remarcada a assinatura para a 2ª quinzena de maio.

ESTRADA PALMELA B

Após negociações, foi assinado um CPCV. O valor do sinal será devolvido aos membros subscritores. Devendo a escritura de venda ser realizada até ao dia 5 de outubro do corrente ano.

ALMIRANTE REIS 1

Estamos a aguardar a emissão da licença de utilização de forma a realizar as vendas e concluir o projeto.

SERPA PINTO 157

Está a ser coordenado com os potenciais compradores e inquilinos visitas aos imóveis de forma a poder concluir o projeto.

MOITA II

Nesta fase estamos a aguardar a marcação da audiência de julgamento podendo a mesma ocorrer ainda antes das férias judiciais.

ESTORIL 10 & ESTORIL II

Houve necessidade de emparedar portas, janelas e acessos de forma a evitar a ocupação do espaço. Está agendada reunião, no início do mês de maio, com o arquiteto responsável para nos esclarecer sobre alguns pontos para posterior submissão à CM Cascais.

TWIN TOWERS

O projeto está a decorrer dentro do previsto.

POSTIGO DO CAIS 1

O projeto está a decorrer dentro do previsto. A obra de remodelação já começou.

ESTREMOZ 25

O projeto está a decorrer dentro do previsto.

AÇUCENAS 4

A aquisição dos 3 imóveis foi realizada no dia 06/05/2025, dando assim inicio ao projeto.

 

ii. Conquistas

Subscrição de projeto: AÇUCENAS 4

 

iii. Melhorias e Evoluções


MELHORIAS

  • Foram feitas pequenas melhorias na tabela de investimentos, incluindo as datas de início e fecho dos projetos, e um link direto para o detalhe de cada projeto;
  • Corrigido um erro que poderia afetar o preenchimento do número de IBAN nos documentos pessoais;
  • A página de definições foi atualizada com a introdução de novas funcionalidades;
  • O detalhe da oportunidade foi revisto, com alterações na disposição da informação. A janela de subscrição passou a ter menos destaque fora do período ativo do projeto;
  • Foi realizada uma recontagem da numeração dos membros devido à introdução da nova funcionalidade de perfis (descrita nas 'Evoluções');
  • A aplicação móvel encontra-se temporariamente indisponível, até que todas as correções estejam concluídas.

EVOLUÇÕES
  • Foram introduzidas notificações push no site. Ao ativá-las, poderá acompanhar em tempo real as atualizações dos seus projetos, anúncios de novas oportunidades, gestão do seu perfil e muito mais. As notificações mais recentes podem ser consultadas através do ícone do sino, localizado na barra superior da plataforma;
  • Foi criada a funcionalidade de perfis de utilizador , especialmente pensada para os membros empresariais que antes precisavam de gerir várias contas de acesso à plataforma. Agora, após iniciar sessão, pode escolher se pretende navegar enquanto empresa ou enquanto particular;
    • Com esta alteração, é importante que os membros com perfil empresarial confirmem que a sua documentação está em conformidade – em particular o IBAN associado ao perfil individual.
  • No detalhe da oportunidade, foi adicionada uma aba exclusiva – “Registos da Gestão” - com novidades da gestão de cada projeto. Ative as notificações para ser informado assim que houver atualizações!

 


 

TODOS CONTAM

"ESG NO IMOBILIÁRIO: SUSTENTABILIDADE COMO PILAR ESTRATÉGICO DO SETOR"

A transformação demográfica global está a moldar novas formas de viver, trabalhar e ocupar os espaços urbanos. Até 2050, os Millennials e a Geração Z representarão cerca de 75% da força de trabalho mundial. Estas gerações partilham uma visão crítica em relação ao papel das empresas na sociedade: não basta gerar lucro — é essencial integrar preocupações ambientais, sociais e de governance (ESG) na estratégia de negócio. No setor imobiliário, esta exigência está a reformular prioridades e práticas.

A sustentabilidade passou a ser, para muitos investidores e promotores, a segunda maior preocupação — apenas ultrapassada pelos crescentes custos de construção e pela escassez de ativos adequados para aquisição ou desenvolvimento. Este reposicionamento é impulsionado não só por alterações de preferências dos utilizadores, mas sobretudo pela pressão regulatória e pelos riscos emergentes ligados às alterações climáticas, à desigualdade social e à governança corporativa deficiente.

Nos últimos anos, a regulação europeia tornou-se um forte catalisador da integração ESG no imobiliário. A Taxonomia da UE, o SFDR (Sustainable Finance Disclosure Regulation) e a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) introduziram obrigações mais rigorosas de reporte e transparência, visando alinhar o financiamento com objetivos sustentáveis. Estas medidas afetam diretamente promotores, investidores, gestoras de ativos e até ocupantes institucionais.

Entre os marcos mais relevantes encontra-se a obrigatoriedade de, a partir de 2027, todos os novos edifícios públicos e comerciais com mais de 2.000 m² serem classificados como nZEB (near Zero Energy Buildings). Paralelamente:

  • Os edifícios novos deverão possuir certificação energética mínima B.
  • Edifícios sujeitos a reabilitação significativa, devem alcançar pelo menos classe C e consumir 50% da energia de fontes renováveis.
  • A partir de 2027, edifícios comerciais e públicos só poderão ser vendidos após obras que permitam atingir pelo menos classe energética F, subindo para classe E em 2030.
  • Até 2025, os edifícios de comércio e serviços com mais de 20 lugares de estacionamento devem ter pelo menos dois pontos de carregamento elétrico instalados.
  • Estas metas, alinhadas com os compromissos internacionais de descarbonização, estão a reformular o ciclo de vida dos ativos imobiliários.

A transição para uma construção mais sustentável não se limita aos materiais ou à eficiência energética. A digitalização é fundamental para recolher, analisar e reportar dados que comprovem o desempenho ESG de um ativo. Soluções de IoT (Internet of Things), sistemas BMS (Building Management System) e plataformas de análise preditiva estão a tornar os smart buildings uma peça-chave no planeamento de cidades inteligentes, com capacidade de adaptação em tempo real às necessidades dos seus utilizadores e do ambiente.

No segmento dos escritórios, observa-se uma valorização crescente da saúde, conforto e bem-estar dos ocupantes. Questões como qualidade do ar, iluminação natural, zonas sociais, espaços verdes e iniciativas de saúde mental tornaram-se atributos determinantes na decisão de ocupação.

A ascensão do modelo Work From Anywhere exige uma abordagem mais integrada à flexibilidade — não apenas dos espaços, mas também do modelo laboral. Os edifícios devem acomodar diversas dinâmicas de trabalho, com infraestruturas híbridas, espaços colaborativos e soluções tecnológicas que apoiem a produtividade remota. Estes aspetos estão diretamente ligados à criação de valor social, um dos pilares menos tangíveis, mas cada vez mais relevantes da componente ESG.

Certificações ambientais e de bem-estar como LEED, BREEAM, WELL e DGNB ganham protagonismo como ferramentas de aferição objetiva do desempenho dos edifícios. A nível global, iniciativas como o Net Zero Carbon Buildings Commitment, promovido pelo World Green Building Council, estabelecem metas ambiciosas para a neutralidade carbónica do parque edificado até 2050.

Estas certificações já não são meros elementos de marketing. São frequentemente associadas a valorização de ativos, redução de custos operacionais e aumento da liquidez no mercado de arrendamento e transação, sobretudo entre ocupantes corporativos que desejam reduzir os seus próprios riscos ESG.

Os edifícios têm um impacto significativo no ambiente, desde a fase de extração de matérias-primas, passando pela construção, operação e demolição. O conceito de energia incorporada (embodied energy) — associada à produção dos materiais e construção — é tão relevante quanto a energia operacional utilizada para climatização e ventilação.

A mitigação destes impactos exige uma abordagem holística, considerando análise de ciclo de vida (LCA), reutilização de materiais, desenho passivo, energias renováveis e sistemas de monitorização contínua. A gestão responsável ao longo de todo o ciclo de vida do ativo torna-se, assim, não apenas uma boa prática, mas uma exigência do mercado e da regulação.

Ignorar os princípios ESG representa um risco real e mensurável. Os riscos de transição incluem custos acrescidos associados a ativos obsoletos ou não conformes com a regulamentação. Os riscos físicos, como eventos climáticos extremos, afetam diretamente o valor e a resiliência de ativos mal preparados. Já os riscos reputacionais podem comprometer a captação de financiamento, a atração de talento e a confiança dos stakeholders.

Integrar ESG no imobiliário é, acima de tudo, uma questão de visão estratégica. Os players que o fazem de forma proativa estão não só a reduzir riscos, mas a gerar valor tangível — através de ativos mais resilientes, mais eficientes, e alinhados com as expetativas de um mercado cada vez mais exigente e consciente.

Nuno Santos, Asset Manager


 

AGENDA DO MÊS

Maio 2025

QUINZENA EVENTO
  • Devolução parcial de capital investido do projeto “PORTAS DO MONTIJO”
  • Devolução parcial de capital investido do projeto “PALMELA B”
  • Devolução parcial de capital investido do projeto “VFX 47”
  • Devolução parcial de capital investido do projeto “VINHA DA ENCARNAÇÃO II”