CONJUNTURA
RESUMO ECONÓMICO - 1T 2025 E PERSPECTIVAS
A economia portuguesa registou uma contração de 0,5% em cadeia no primeiro trimestre de 2025, refletindo um contributo negativo da procura externa, devido à queda das exportações e ao aumento das importações, influenciado por alterações na política aduaneira dos EUA (taxas e taxinhas). Em termos homólogos, o crescimento foi de 1,6%, sustentado pela procura interna. Este resultado implicou uma revisão em baixa das previsões de crescimento anual para 2025, passando de 2,4% para 1,7%, refletindo a deterioração do contexto externo e a incerteza (cada vez maior) quanto às decisões de consumo e investimento.
Apesar deste cenário, os indicadores de confiança melhoraram em maio, com destaque para o setor dos serviços e o sentimento dos consumidores. O indicador de clima económico subiu para 2,5% e o índice de sentimento económico da Comissão Europeia para 105,8 pontos, permanecendo acima da média de longo prazo. Também no turismo os dados foram positivos: os proveitos dos alojamentos subiram 12,6% face ao ano anterior, e as dormidas aumentaram 9,2%.
A inflação voltou a subir em maio para 2,3%, mantendo a média dos últimos 12 meses nos 2,4%. A queda do preço do petróleo aliviou a pressão sobre os preços energéticos, e a dinâmica mensal foi inferior à registada no período pré-pandemia. Até abril, o saldo orçamental fixou-se em 0,1% do PIB, refletindo um crescimento mais acelerado da receita (9,9%) face à despesa (3,3%), com destaque para a receita fiscal e contributiva, enquanto as despesas com pessoal cresceram em linha com o previsto no orçamento do Estado.
A economia da Zona Euro registou um crescimento de 0,4% em cadeia no 1T 2025, com contributos positivos da procura interna na Alemanha e Itália, e revisões em alta para os respetivos PIB. A inflação homóloga situou-se em 2,0%, e a inflação subjacente em 2,4%. Ainda que os mercados antecipem uma nova descida da taxa de depósito para 2,00% em junho, o BCE deverá adotar uma posição cautelosa. As tensões comerciais criam um conjunto assimétrico de riscos: por um lado, fatores desinflacionistas como a desaceleração da procura global e a reorientação comercial da China para a Europa; por outro, potenciais pressões inflacionistas causadas por ruturas nas cadeias de abastecimento e tarifas recíprocas. A recente oscilação do euro ilustra essa incerteza. Assim os analistas dividem as suas opiniões entre uma nova descia das taxas de juro na reunião de dia 5 de junho ou uma pausa prudente e de espectativa.
Nos Estados Unidos, apesar da ligeira contração da economia no 1T (-0,1% em cadeia), a confiança dos consumidores subiu em maio, estimulada pela suspensão temporária de tarifas. Contudo, os dados das encomendas de bens duradouros sugerem uma travagem no investimento. A Fed revela preocupações com os riscos inflacionistas decorrentes das tarifas e os seus possíveis efeitos. Assim, a Reserva Federal mantém uma postura de espera, considerando o atual equilíbrio do mercado de trabalho e a resiliência da economia.
Fontes: INE, BdP, BPI Research, Eurostat, Yahoo Finance, BCE, Turismo de Portugal
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
i. Gestão Corrente
ii. Conquistas
Devolução parcial de capital investido projeto: PALMELA B
Conclusão do projeto: PORTAS DO MONTIJO
PORTAS DO MONTIJO
Capital 222.000€ | 19 Membros
iii. Melhorias e Evoluções
TODOS
CONTAM
TENDÊNCIAS NO MERCADO IMOBILIÁRIO EM PORTUGAL - 2024
O mercado imobiliário português, em 2024, demonstrou elevada resiliência e dinamismo, com variações significativas entre os seus principais segmentos: logística, hotelaria, escritórios e residencial. Apesar de um contexto económico internacional ainda incerto, o setor beneficiou de condições de financiamento mais favoráveis, crescimento económico moderado e uma procura estruturalmente sólida, particularmente nas grandes áreas metropolitanas.
- Logística e Industrial
O segmento logístico manteve-se como um dos mais robustos do setor imobiliário em 2024. O volume de absorção atingiu os 778.500 m² (um máximo histórico) refletindo a pressão da procura por parte de operadores logísticos, retalhistas e empresas de e-commerce. Lisboa e Porto lideraram a atividade, representando, em conjunto, mais de 57% da ocupação nacional.
A crescente escassez de nova oferta continua a ser uma das principais limitações do mercado. A maioria dos contratos foram celebrados para expansão de operações existentes, com muitos ocupantes a optarem por espaços novos ou personalizados, face à inadequação do stock existente.
As rendas prime continuaram a subir, sustentadas por uma procura consistente e uma oferta limitada. As prime yields estabilizaram, mas ainda atrativas para investidores institucionais. Há também uma crescente valorização de ativos com certificações ambientais e características técnicas otimizadas, dada a exigência de eficiência energética, ESG e automatização nos centros logísticos.
- Hotelaria
O setor hoteleiro consolidou a recuperação iniciada em 2023, impulsionado por um turismo resiliente e por um contexto macroeconómico favorável. Em 2024, as dormidas cresceram 4%, com aumentos expressivos em Lisboa, Algarve e algumas regiões do interior.
Do ponto de vista operacional, a tarifa média diária (ADR) superou os 120 €, enquanto o RevPAR ultrapassou os 70 €, refletindo tanto o aumento da procura como o reposicionamento de muitos ativos para segmentos de maior valor.
O interesse de investidores internacionais voltou a crescer, com destaque para operações de grande dimensão, como a venda do Conrad Algarve e de várias unidades urbanas de 4 e 5 estrelas. As perspetivas para 2025 são de manutenção da performance, com crescente aposta em unidades sustentáveis, reabilitação e integração de tecnologia e experiências personalizadas, bem como a consolidação da oferta de luxo, foco na sustentabilidade (Green Hotels), digitalização da experiência do cliente e crescente interesse no segmento de saúde e bem-estar.
- Escritórios
O mercado de escritórios, especialmente em Lisboa, revelou um desempenho excecional, com mais de 220 000 m² de absorção em 2024 (terceiro melhor registo de sempre). O Parque das Nações e as zonas emergentes lideraram a absorção, beneficiando da conclusão de novos edifícios e de grandes operações corporativas (CGD por exemplo).
As empresas continuam a adaptar os seus modelos de trabalho, com uma consolidação das políticas de trabalho híbrido e um redireccionamento das estratégias imobiliárias para espaços mais eficientes, bem localizados e tecnologicamente preparados. A procura por edifícios com certificações ambientais (LEED, BREEAM, WELL) aumentou significativamente, como reflexo das exigências de ocupantes internacionais e investidores.
As rendas prime estabilizaram, com ligeiras compressões nas yields em algumas zonas. Apesar da limitação de novo stock disponível, o pipeline para 2025-2026 antecipa a entrada de projetos com maior pré-arrendamento. A tendência de procura tem sido por espaços flexíveis e “plug & play”, certificação ESG como pré-requisito.
- Residencial
O setor residencial mostra sinais de vitalidade apesar de vários anos de crescimento dos preços. A procura por arrendamento manteve-se elevada, especialmente em tipologias médias e em zonas periféricas.
O acesso à habitação continua a ser um desafio estrutural, com a oferta a crescer de forma muito lenta face à procura. Projetos de Build to Rent, promovidos por investidores institucionais que apostem no arrendamento estável de longa duração podem ser uma boa opção de investimento.
A sustentabilidade e a eficiência energética passaram a ser elementos críticos na decisão de compra/investimento, sobretudo entre compradores nacionais e estrangeiros com perfil mais informado. Verifica-se também um aumento da procura por novas centralidades urbanas e bairros integrados com serviços, espaços verdes e boa mobilidade.
Nuno Santos, Asset Manager
AGENDA DO
MÊS
Junho 2025