CONJUNTURA
PRODUTIVIDADE, DÍVIDA E INCERTEZA: O TRIÂNGULO DA
CONJUNTURA ATUAL
Portugal tem-se destacado positivamente, com um dos maiores recuos no rácio da dívida pública desde 2019, concluindo 2024 em cerca de 95% do PIB. Este resultado deveu-se sobretudo ao crescimento económico e à prudência orçamental, com saldos primários positivos. No entanto, o contexto futuro será mais exigente: o abrandamento da economia e o aumento dos encargos com juros e despesa pública (nomeadamente defesa, saúde e apoios sociais) dificultarão novas reduções da dívida.
De acordo com BdP o saldo orçamental positivo (0,7% do PIB em 2024) poderá dar lugar a um ligeiro défice em 2025. O emprego cresce de forma mais acentuada que o ano passado e registou um excedente orçamental de 0,5% do PIB nos primeiros cinco meses de 2025, em contraste com o défice de 2,1% no mesmo período de 2024. Esta melhoria resulta de um aumento na receita pública, impulsionado sobretudo pelas contribuições para a Segurança Social, bem como pela subida da receita de IRS e IVA. Para sustentar o atual desempenho, será crucial melhorar a produtividade (crescimento de 0,4% ao ano entre 2014 e 2024). A propalada reforma da administração pública devia também traduzir-se na tão necessária eficiência e consequente contributo para o aumento da produtividade.
A incerteza económica está em alta, com sinais claros nos EUA: consumidores e empresas mostram crescente preocupação com tarifas, conflitos e instabilidade política. Os EUA aprovaram um plano fiscal que deverá manter o défice público em torno dos 7% do PIB nos próximos anos. A dívida pública poderá atingir os 130% do PIB até 2030, enquanto as perspetivas de crescimento se deterioram. Desde novembro de 2024, as previsões de crescimento para 2025 foram revistas em baixa em mais de 0,5 p.p. Este cenário levanta preocupações sobre a sustentabilidade das finanças públicas americanas. A experiência mostra que os mercados reagem de forma rápida e pouco diferenciada em contextos de tensão.
A Comissão Europeia apresentou um plano para reforçar a competitividade do mercado único, com foco nos desafios económicos e geoestratégicos da União. O sucesso desta iniciativa exigirá um compromisso firme e coordenado dos Estados-Membros, para lá das respostas pontuais a crises. A revitalização do investimento europeu e a resolução da escassez de mão de obra qualificada são prioridades urgentes, seguindo o exemplo de países como a China, que apostaram estrategicamente na melhoria do poder de compra e na capacitação da sua população.
Breves notas sobre habitação:
Os fogos de habitação social representam 1,1% do parque habitacional (a média da UE é de 8%) e na maioria são promovidos por entidades municipais.
19% do total do parque habitacional corresponde a habitações secundárias.
7% do total de habitações secundárias estão em regime de Alojamento Local.
O número de licenças de construção de edifícios e de fogos licenciados são cerca de metade do que se verificava antes da crise financeira de 2008.
O BdP divulgou que os empréstimos contratados nos últimos 12 meses têm um montante médio em dívida de 141 mil euros e uma prestação de 609 euros.
Boas férias.
Fontes: INE, BdP, BPI research, Eurostat, yahoo finance, BCE, turismo de Portugal
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
i. Gestão Corrente
ii. Conquistas
Conclusão do projeto: VFX 47
VFX
47
Capital 243.400€ | 26 Membros
Estamos a implementar algumas alterações nos indicadores que apresentamos. Para o cálculo do tempo decorrido de um projeto é calculada a fração do ano representada pelo número de dias entre duas datas (a data inicial e a data final) x 12). Apresentamos o resultado do projeto como ROI (return on investment).
iii. Melhorias e Evoluções
TODOS
CONTAM
DA CONFLITUALIDADE À COOPERAÇÃO: ENTENDER O PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO
“A negociação é uma situação de tomada de decisão conjunta, em que duas ou mais pessoas decidem como distribuir entre elas recursos limitados.” (Neale & Bazerman, 1990; Thomson, 1998).
A negociação está no nosso dia a dia, nem sempre nos apercebemos, mas estamos em permanente negociação. É um processo transversal à nossa vida, seja na vida pessoal, familiar ou profissional. Uma tomada de decisão é uma negociação, impercetível em algo tão simples como adquirir uma peça de roupa ou uma refeição, até algo mais complexo como um destino de férias, a aquisição de um automóvel ou de uma habitação.
A negociação passa por apresentar propostas, a permanente avaliação das mesmas por ambas as partes, premissas de ambos os lados, contrapropostas, exigências e cedências. Nem sempre é possível levar as negociações a “bom porto”. Na negociação existem duas ou mais partes envolvidas que procuram chegar a um acordo. Um dos primeiros pontos que reparamos no processo de negociação é a flexibilidade. Dependendo do nível de flexibilidade dos negociadores podemos perceber se irão surgir conflitos. Quanto menor a flexibilidade maior a propensão para a ocorrência de conflitos. Os conflitos são necessários na negociação, mas uma postura inflexível pode levar à não conclusão da mesma.
Por vezes os problemas iniciam-se nas partes envolvidas. Frequentemente negociações ente familiares ou pessoas que têm relações próximas sentem-se constrangidos, seja por terem relações desgastadas ou por não querem desagradar à outra parte. A negociação, por vezes, é demorada e perdura no tempo. Negociações complexas levam a mais análises e isso torna a tomada de decisão mais demorada. Outras vezes a indecisão de uma das partes arrasta o processo. Para concluir uma negociação é necessário a disponibilidade das partes envolvidas em dar para receber. É um processo que pode ser difícil e exigente, mas caso os negociadores possuam certas caraterísticas, a negociação pode se transformar numa negociação simples e límpida.
O processo de negociação tem por base dois tipos, a denominada negociação “integrativa” e a negociação “distributiva” (Walton & McKersie 1965).
A negociação “distributiva” pressupõe um conflito de interesses, na qual os recursos são fixos e cada uma das partes quer obter o máximo desses recursos. Assim, quanto mais um ganha, menos o outro ganha, disputam a maior fatia do "bolo".
A negociação “integrativa” procura complementar necessidades ou interesses e utiliza o fato de os mesmos, não serem opostos. Aqui os recursos não são fixos e cada um esforça-se em gerar mais recursos, trabalham para aumentar o tamanho do "bolo", normalmente há mais “abertura” por parte dos negociadores; franqueza quanto às preocupações; sensibilidade das partes envolvidas; confiança mútua e flexibilidade. Todos saem a ganhar.
Por princípio, a negociação “integrativa” é preferível à “distributiva”. É mais “amigável”, mais facilmente aproxima os negociadores e conduz as partes envolvidas a um sentimento de vitória. As duas partes ganham. Por vezes, a negociação “integrativa” contém uma negociação “distributiva”, a tendência do ser humano é sempre procurar o seu próprio favorecimento, e nem sempre queremos abrir mão dos nossos objetivos em jogo, mas às vezes é necessário ceder em alguns aspetos para se concluir a negociação com sucesso.
Durante o processo de negociação nem tudo é linear e fluido. Pode acontecer que uma parte domine ou se imponha à outra. Não é de excluir a intervenção duma outra parte para funcionar como arbitragem, os tribunais são disso exemplo. Fatores de ameaça ou imposição de condições por uma das partes. A cedência de uma das partes para evitar o confronto.
A negociação integrativa é a que procura conciliar os interesses de todas as partes de forma a que todas as partes possam sair a ganhar. Conseguir um acordo que satisfaça todas as partes. Nem sempre é possível uma negociação integrativa, por exemplo quando os interesses são antagónicos. Aí, a melhor solução será distribuir percas e ganhos duma forma justa.
A troca de informação, tomadas de decisão conjuntas, criatividade, a aposta na empatia e na boa relação interpessoal, são habilidades que um bom negociador tem de ter em mente. Simplificando; Cooperação. O conflito é necessário para evoluir, e pode parecer que vai levar a que uma das partes ceda ou perca. A forma mais simples de contornar esta situação é o aumentar dos recursos, para tornar o “bolo” maior.
Nuno Santos, Asset Manager
AGENDA DO
MÊS
Agosto 2025